quarta-feira, 22 de junho de 2011

Droga: demanda e preconceitos

Durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso (1995/2002), ocupei o ministério da Saúde por quase quatro anos. Com o apoio do presidente, além de reforçar bastante as ações que estavam em andamento, promovemos algumas inovações – entre estas, a ofensiva no combate ao tabagismo no país. Proibimos a propaganda de tabaco, sempre enganosa; impusemos fotos de advertência nos maços de cigarros; fizemos campanhas de esclarecimento nas TVs e nas rádios; fizemos, enfim, uma mobilização  que contou com o apoio da imprensa porque a causa, obviamente, era boa; dizia respeito ao bem comum e à saúde dos brasileiros.

Não há números precisos, mas boas indicações de que o crescimento do consumo de cigarros foi desacelerado.  Tornou-se mais difícil para a indústria do fumo recrutar clientes entre os jovens.  Mais do que isso: desenvolveu-se uma espécie de consciência social a respeito dos perigos desse vício para a saúde. Posteriormente, quando governador de São Paulo, fiz aprovar a lei que proíbe o fumo em recintos públicos fechados, incluindo bares e restaurantes. Tanto já havia aquela consciência que a medida foi rapidamente bem sucedida e se disseminou por todo o país.
Faço essa memória com o propósito de insistir na necessidade de uma forte e amplíssima campanha educacional contra o consumo de drogas. No Brasil, há cerca de 1 milhão de pessoas, especialmente as mais jovens, usuárias do crack ou óxi, drogas que as levam à decadência e  à morte, além do  sofrimento e degradação que impõem às suas famílias. Você quer ter uma ideia mais concreta sobre essa realidade?  Leia a reportagem “As Mães Reféns do Crack”, publicada nesta semana pela revista Veja.
A luta contra as drogas exige cortar tanto a oferta como a demanda desses produtos. No Brasil, porém, a exemplo de outros países, as ações estão mais concentradas do lado da oferta, que deve, sim, ser combatida. Mas faltam ações decididas do lado da demanda, criando-se uma consciência maior, principalmente entre os jovens, sobre a natureza terrível da dependência química. Falando com clareza: é preciso estigmatizar não o consumidor do crack, mas o consumo do crack.
Para isso tudo, é preciso ter lucidez, convicção e vontade política a respeito do assunto – atributos que parecem escassos nos órgãos federais competentes. Trata-se da mesma escassez que compromete as ações de tratamento e recuperação dos dependentes químicos, outro capítulo essencial da batalha contra as drogas — que, no Brasil, é ainda incipiente. Além de complexas, tais ações têm sido também dificultadas, por incrível que pareça, por estranho preconceito ideológico. Lembro-me da inauguração de uma clínica de tratamento e recuperação, criada pelo governo de São Paulo, localizada num município cuja prefeitura é do PT: o próprio prefeito criticou a iniciativa. Diga-se de passagem, o ministério da Saúde não repassou recursos do SUS para essa e outras clínicas, nem tampouco para as comunidades terapêuticas de todo o Brasil.
PS – Sobre a mencionada  clínica, vale a pena ler a matéria do jornalista Roberto Pompeu na revista Piauí http://bit.ly/piauirobertopompeu.

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terça-feira, 21 de junho de 2011

10º Congresso da UEE-SP será em Piracicaba de 23 a 26 de junho

Encontro deve reunir mais de 1.500 estudantes no interior de São Paulo para discutir o papel social da universidade brasileira e eleger nova diretoria e presidente da entidade; confira as informações abaixo e saiba como participar

A União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) convoca os estudantes paulistas rumo a Piracicaba. A cidade do interior do estado sediará o 10º Congresso da entidade, que ocorrerá entre os dias 23 a 26 de junho, na Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP).
O município vai receber mais de 1.500 universitários, de acordo com a organização do evento. Além de deliberar sobre questões importantes do movimento estudantil paulista, os jovens vão eleger a nova diretoria e o presidente da entidade.
Um grande congresso está sendo preparado. Durante quatro dias, estudantes de todo o estado poderão participar de atividades e debates sobre temas diversos como cultura, movimento estudantil, comunicação, universidades privadas e públicas. Um dos destaques será uma mesa sobre a Copa do Mundo de 2014, onde será discutida a participação e o protagonismo dos estudantes neste grande projeto.
Está previsto também a realização do Seminário Estadual de Educação com o tema “O papel social da universidade brasileira! Educação, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia!”. Segundo a organização, nomes como o do senador por São Paulo Eduardo Suplicy, o da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, do jornalista Paulo Henrique Amorim e do atual ministro dos Esportes Orlando Silva estão sendo cogitados para participarem do evento.
“No congresso, vamos ter um grande ato do movimento social, com a presença de parlamentares, líderes sociais, deputados e educadores. Realizaremos ainda uma bonita atividade em homenagem aos ex-presidentes da UEE. Esperamos contar coma presença de José Dirceu e José Serra, nomes importantes que passaram pela nossa entidade”, conta o atual presidente da UEE-SP, Carlos Eduardo Siqueira.
Balanço da gestão
Há dois anos à frente da entidade e prestes a deixar o cargo, Carlos acredita que conseguiu dar continuidade à tradição das UEEs espalhadas em todo o país de ampliar a luta dos estudantes. “Participamos ativamente da gestão da entidade e mobilizamos os estudantes e a juventude paulista para os principais eventos nacionais, fora que nestes dois anos mobilizamos a nossa base em torno dos CAs e DCEs. Fizemos uma bela jornada de lutas e organizamos diversos debates no interior das universidades” afirma.
A UEE-SP fez fez parte ainda da conquista do apoio de parlamentares de diferentes partidos para que o Projeto de Emenda Constitucional (PEC)  nº 9 possa ser votado a qualquer momento na  Assembléia Legislativa de São Paulo, garantindo que 50% dos recursos do Fundo de Participação dos Estados seria destinado para educação, meio ambiente e ciência e tecnologia, nos moldes da campanha nacional da UNE e da UBES pelos 50% do Pré-sal para a educação
“Queremos que todos os recursos sejam aplicados na infra-estrutura da educação paulista, ou seja uma reforma educacional na qual conste no Plano Estadual de Educação de São Paulo reformas estruturais como: reconstrução de estruturas das universidades e escolas, modernização da rede de computadores de universidades e escolas, implementação de lousas digitais nas salas de aulas, construção da universidade de ensino tecnológico do estado e a criação do fundo estadual de assistência estudantil”, pontua.
Segundo Carlos, nas manifestações contra o aumento abusivo da passagem de ônibus em São Paulo, a UEE-SP estava lá: “Nas passagens atuamos nas primeiras horas do aumento, apresentamos uma mini-reforma para o transporte da capital, na verdade não só na capital, pois o aumento foi em todo o estado e organizamos diversas mobilizações com outras organizações! Lutamos pelo passe-livre e a meia passagem nos municípios”, explica.
“Muita coisa ainda tem que ser feita, mas sabemos que o movimento estudantil de São Paulo esta em plena recuperação do seu papel de formador de opinião e conquista a cada dia seu espaço na sociedade paulista”, finaliza o presidente.
Piracicaba: palco do 10º Congresso da UEE-SP
Localizada no interior de São Paulo, a cidade de Piracicaba sempre recebeu de braços abertos o movimento estudantil. Em 1980, sediou o 32º Congresso da UNE (CONUNE) recebendo mais de 5 mil estudantes de todo o país, na época com o receio de uma repressão pelo regime militar.
Em 1982, a entidade retorna a Piracicaba, desta vez para o histórico 34º CONUNE que elegeu a primeira mulher presidente da UNE, Clara Araujo. Porém, uma tensão envolvia os estudantes. O presidente da entidade na época, Javier Alfaya, era um cidadão espanhol que tinha sua liberdade vigiada e diariamente comparecia a Polícia Federal correndo o risco de expulsão do país por ser um estrangeiro ligado a atividades políticas.
No final de 2010 o movimento estudantil volta novamente à cidade, através de uma visita do presidente da UEE-SP, Carlos Eduardo, acompanhado do presidente da UNE, Augusto Chagas e outros dirigentes das entidades.
O prefeito da cidade Barjas Negri recebeu as estudantes e cumprimentou a iniciativa escolher Piracicaba para sediar o 10º Congresso da UEE-SP. “Vejo com bons olhos este evento. É algo bom para cidade e, por isso, vamos fazer o que é possível dentro da estrutura administrativa”. Barjas lembrou que, na década de 80, era secretário de Educação e esteve envolvido no Congresso realizado na cidade. “Fiquei maluco na ocasião”, disse, aos risos, desejando sucesso aos estudantes e se colocando a disposição para a viabilização do evento.
Como participar do 10º Congresso da UEE-SP
O credenciamento para o 52º Congresso da UNE já inclui a participação no encontro da entidade paulista.  Para quem ainda não se credenciou e quer participar, basta procurar o DCE da sua universidade para saber outras informações a respeito de caravanas e inscrições.
Você também pode falar direto com a UEE-SP pelo telefone  (11) 5539-0060 ou tirar dúvidas pelo email 10congressoueesp@gmail.com .
O custo para os delegados, ou seja, os estudantes que vão representar a instituição, com direito a voto no Congresso, é de R$ 50,00 . Para os suplentes também.
Para os observadores, que podem participar de todas as atividades (mas não votam), incluindo os shows e debates, o valor é de R$ 60,00 .
Em ambos os casos, a alimentação e o alojamento estarão garantidos.  Não deixe para a última hora. Forme já a sua delegação.
Rumo ao 52º Congresso da UNE
Os delegados que participarão da décima edição do Congresso da UEE-SP também serão os estudantes que representarão o estado no 52º Congresso Nacional da UNE. Os paulistas irão se reunir junto com universitários de todo o país para eleger a nova diretoria da entidade, entre os dias 13 e 17 de julho em Goiânia.
Além de definir a nova diretoria que estará a frente da UNE nos próximos dois anos, o CONUNE é o principal fórum de deliberações do movimento estudantil, promovendo discussões sobre temas importantes para os estudantes como educação e política.
Serviço:
O que? 10º Congresso da UEE-SP
Quando? 23 a 26 de junho de 2011.
Onde? UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba - Rodovia do Açúcar, km 156 - Piracicaba (SP)
Como? (19) 3124-1515 ou
http://www.ueesp.org.br
Da Redação
Foto: Alexandre Rezende

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