quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Lula afirma que o seu apagão é diferente do de FHC
O governo ainda não trouxe à luz informações precisas sobre as causas do apagão da noite passada.
Porém, em entrevista, Lula apressou-se em diferenciar o seu apagão do blecaute de FHC. Em 2001, explicou, “a gente não produzia energia suficiente”.
Hoje, “duas coisas estão certas: não faltou geração de energia e o problema não foi de falta de linha [de transmissão], porque elas estão interligadas”.
Beleza. Mas o signatário do blog, um analfabeto energético, suspeita que, aos olhos do consumidor, os apagões de Lula e FHC estão unidos pelo efeito.
Ambos resultaram em escuridão.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Ô Dilma, cadê você? O apagão não era só do FHC?
O PT, que nunca teve muito escrúpulo na oposição, responsabilizava a gestão FHC pelo apagão que houve lá pelos idos de 1999. De fato, concluiu-se que houve falha gerencial, mas a pouca água nos reservatórios parecia mais "culpa" de São Pedro do que de D. Fernando. Mesmo assim, o PT detonou os tucanos e faturou eleitoralmente.Dessa vez, o apagão ocorre sob os auspícios do governo Lula, em pleno esforço quase sobrenatural para fazer de Dilma Roussef, ex-ministra das Minas e Energia e atual "mãe do PAC", uma candidata palatável, simpática e boa gestora. Ruiu o discurso.O governo FHC ficou marcado pelo apagão e pelo racionamento de energia. As campanhas municipais petistas em 2000 e a nacional em 2002 carimbaram na testa dos tucanos a imagem de incompetência administrativa.
Só que desta vez a culpa não pode nem ser dividida com São Pedro. O ministro sarneyzista Edison Lobão tentou jogar a culpa no santo, inventando uma tempestade que teria afetado as linhas de distribuição.
Mas as nuvens negras que ameaçam o governo lulista são outras. O novo blecaute, dez anos depois do apagão inaugural da era FHC, pode ter efeitos devastadores na onda pela sucessão de Lula, que até agora surfava apenas em notícias positivas.
A impressão de fragilidade do sistema elétrico brasileiro e a certeza da incompetência do governo do PT para produzir uma resposta crível e transparente já é um fato. Vejamos as consequências.
"Se ficar comprovada a incapacidade gerencial do governo Lula para prevenir o país desses apagões, as coisas ficam mais complicadas para a pré-candidata a presidente Dilma Rousseff. Aliás, Dilma começou no governo Lula como ministra de Minas e Energia. Hoje, na Casa Civil, comanda a execução da obras de infra-estrutura do país. Ficará prejudicada a imagem de boa gerente/administradora que ela sempre propagou para si própria", lembra o jornalista Fernando Rodrigues.
É isso! O governo Lula está na berlinda. Esperamos que o último a sair acenda a luz.
O PT, que nunca teve muito escrúpulo na oposição, responsabilizava a gestão FHC pelo apagão que houve lá pelos idos de 1999. De fato, concluiu-se que houve falha gerencial, mas a pouca água nos reservatórios parecia mais "culpa" de São Pedro do que de D. Fernando. Mesmo assim, o PT detonou os tucanos e faturou eleitoralmente.Dessa vez, o apagão ocorre sob os auspícios do governo Lula, em pleno esforço quase sobrenatural para fazer de Dilma Roussef, ex-ministra das Minas e Energia e atual "mãe do PAC", uma candidata palatável, simpática e boa gestora. Ruiu o discurso.O governo FHC ficou marcado pelo apagão e pelo racionamento de energia. As campanhas municipais petistas em 2000 e a nacional em 2002 carimbaram na testa dos tucanos a imagem de incompetência administrativa.
Só que desta vez a culpa não pode nem ser dividida com São Pedro. O ministro sarneyzista Edison Lobão tentou jogar a culpa no santo, inventando uma tempestade que teria afetado as linhas de distribuição.
Mas as nuvens negras que ameaçam o governo lulista são outras. O novo blecaute, dez anos depois do apagão inaugural da era FHC, pode ter efeitos devastadores na onda pela sucessão de Lula, que até agora surfava apenas em notícias positivas.
A impressão de fragilidade do sistema elétrico brasileiro e a certeza da incompetência do governo do PT para produzir uma resposta crível e transparente já é um fato. Vejamos as consequências.
"Se ficar comprovada a incapacidade gerencial do governo Lula para prevenir o país desses apagões, as coisas ficam mais complicadas para a pré-candidata a presidente Dilma Rousseff. Aliás, Dilma começou no governo Lula como ministra de Minas e Energia. Hoje, na Casa Civil, comanda a execução da obras de infra-estrutura do país. Ficará prejudicada a imagem de boa gerente/administradora que ela sempre propagou para si própria", lembra o jornalista Fernando Rodrigues.
É isso! O governo Lula está na berlinda. Esperamos que o último a sair acenda a luz.
Apagão afeta atividades das siderúrgicas CSN e Usiminas
SÃO PAULO - O blecaute da noite de ontem afetou as atividades de grandes siderúrgicas brasileiras. A CSN diz que desligou equipamentos secundários e reduziu a produção de seus principais equipamentos da usina de Volta Redonda (RJ) - como alto-forno e linhas de laminação - por conta do apagão.
A siderúrgica informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não foi possível mensurar as perdas com as paradas ou redução do ritmo de produção. As operações ainda não retornaram à normalidade, o que deverá ocorrer " o mais breve possível " .
A siderúrgica informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não foi possível mensurar as perdas com as paradas ou redução do ritmo de produção. As operações ainda não retornaram à normalidade, o que deverá ocorrer " o mais breve possível " .
Por sua vez, a Usiminas informou em nota que a usina de Cubatão (Cosipa) ficou sem energia elétrica por aproximadamente duas horas, afetando principalmente o setor de aciaria. O restabelecimento das operações estava previsto para a manhã de hoje. Já a usina de Ipatinga (MG) opera normalmente, após os equipamentos sofrerem variações de frequência e tensão, disse a Usiminas.
(Eduardo Laguna Valor)
(Eduardo Laguna Valor)
terça-feira, 10 de novembro de 2009
A vitória dos pelegos
O futuro do PT
O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base.
Os orgulhosos padrinhos foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira.
Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT. Foi um dos únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general Golbery.
Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento de um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
O PT lançava e elegia candidatos, mas não “dançava conforme a música”. Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas.
O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto.
Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros.
Tudo muito chique, conforme o figurino.
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.
A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Júnior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloísa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os militantes ligados à Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida Frei Betto.
E agora, bem mais recentemente, o senador Flavio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica.
Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT?
Os sindicalistas.
Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64.
Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.
Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado.
Cavando benefícios para os seus.
Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente.
É o triunfo da pelegada.
O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base.
Os orgulhosos padrinhos foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira.
Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT. Foi um dos únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general Golbery.
Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento de um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.
O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.
O PT lançava e elegia candidatos, mas não “dançava conforme a música”. Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas.
O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto.
Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros.
Tudo muito chique, conforme o figurino.
E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.
A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Júnior.
Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloísa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.
Os militantes ligados à Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida Frei Betto.
E agora, bem mais recentemente, o senador Flavio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica.
Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.
Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT?
Os sindicalistas.
Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64.
Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.
Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado.
Cavando benefícios para os seus.
Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente.
É o triunfo da pelegada.
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
EM NOTA: O Partido RESGATE é exemplo de imparcialidade partidária
A Juventude Popular Socialista do Estado de São Paulo lamenta a vinculação feita do Partido Resgate com qualquer corrente dentro do Partido Popular Socialista, quando vivemos num Estado Democrático de Direito, com livre manifestação de pensamentos.
Art. 5°, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
É proibido convergir em determinadas matérias que envolva a sociedade?
O Partido RESGATE preza pela ética e moralidade, algo que muitos partidos que se rotulam serem de esquerda não fazem, principalmente, quando alcançam o poder, sendo que até o discurso cai no vazio.
O Centro Acadêmico XI de Agosto nas gestões que tiveram a frente o Partido Resgate não ocorreu aparelhamento partidário, pelo contrário, sempre esteve aberto a todas agremiações partidárias pra ampla discussão, a exemplo o painel da reforma política realizado na sala dos estudantes a mesa foi formada com: Luiza Erundina (PSB), José Eduardo Cardoso (PT), Fabiano Marques de Paula (PSDB), Eduardo Suplicy (PT) e Roberto Freire (PPS).
Isso é exemplo de democracia e imparcialidade.
DEMOCRACIA É LUTAR PELO VOTO DIRETO NAS ELEIÇÕES DA UNE!!!
Parabéns XI de Agosto!
Peterson Ruan
Presidente JPS/SP
Art. 5°, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
É proibido convergir em determinadas matérias que envolva a sociedade?
O Partido RESGATE preza pela ética e moralidade, algo que muitos partidos que se rotulam serem de esquerda não fazem, principalmente, quando alcançam o poder, sendo que até o discurso cai no vazio.
O Centro Acadêmico XI de Agosto nas gestões que tiveram a frente o Partido Resgate não ocorreu aparelhamento partidário, pelo contrário, sempre esteve aberto a todas agremiações partidárias pra ampla discussão, a exemplo o painel da reforma política realizado na sala dos estudantes a mesa foi formada com: Luiza Erundina (PSB), José Eduardo Cardoso (PT), Fabiano Marques de Paula (PSDB), Eduardo Suplicy (PT) e Roberto Freire (PPS).
Isso é exemplo de democracia e imparcialidade.
DEMOCRACIA É LUTAR PELO VOTO DIRETO NAS ELEIÇÕES DA UNE!!!
Parabéns XI de Agosto!
Peterson Ruan
Presidente JPS/SP
Reitor da Uniban decide revogar a expulsão de Geisy
Rubens Cavallari/Folha
Durou menos de 48 horas a expulsão de Geuisy Arruda, a aluna da Uniban que fora hostilizada por talibans estudantis por comparecer à aula de microvestido.
Durou menos de 48 horas a expulsão de Geuisy Arruda, a aluna da Uniban que fora hostilizada por talibans estudantis por comparecer à aula de microvestido.
Decidido no último sábado (7) e formalizado em anúncio de jornal veiculado no domingo (9), o banimento da aluna foi revistonesta segunda (9).
Deu-se por meio de uma nota. Lacônico, o texto não explica as razões da meia-volta. Limita-se a informar o seguinte:
"O reitor da Uniban Brasil, de acordo com o artigo 17, inciso IX e XI, de seu regimento interno...”
“...Revoga a decisão do Conselho Universitário, proferida no último dia 6, sobre o episódio do dia 22 de outubro, em seu campus em São Bernardo do Campo...”
“...Com isso, o reitor dará melhor encaminhamento à decisão". Que encaminhamento? A nota não diz.
Nem precisava dizer. O recuo tem razões que dispensam explicações. A expulsão tivera repercussão instantânea e absurdamente negativa.
Ficara no ar a incômoda sensação de que a usina de diplomas convertera vítima em ré. Pior: livrara a cara de seus agressores.
Nesta segunda (9), antes do anúncio da “desespulsão”, Geisy reunira-se com seus advogados (foto). Trajava calça comprida e uma comportada blusa.
Disse que, graças à superexposição do caso, arrostou hostilidades nas ruas. Sobre a universidade, afirmou:
“Eu não quero afrontar ninguém, não quero causar constrangimento, se for necessário eu nem desço no intervalo, eu só quero estudar".
Preocupada com a segurança, manifestou a intenção de "escolher outra faculdade” para concluir o curso de Turismo. “Por medo", ela disse.
Combinou com os advogados, porém, o ajuizamento de uma ação na Justiça para fechar na Uniban ao menos o primeiro semestre do curso.
A delegacia de Defesa da Mulher de São Bernardo do Campo, cidade onde está assentado o campus-caverna, abrira inquérito para investigar o caso.
Daí para um processo em que Geisy reivindicasse uma reparação por danos morais seria um pulinho. O processo, aliás, não está descartado.
Resta saber o que fará a Uniban com os agressores da moça. No portal que mantém na web, a escola define o que entende ser a sua “missão”:
“Promover a formação integral do indivíduo, por meio da capacitação profissional, da produção e aplicação do conhecimento, da promoção da cultura...”
“...Do respeito aos valores éticos-morais, através de um processo educativo contínuo de qualidade, voltado para o desenvolvimento da sociedade”.
Se tivesse relido o que escreveu, a Uniban não teria expulsado a aluna agredida. Melhor: teria tomado providências contra os agressores.
Servidora do gabinete da senadora Serys mora nos EUA
O gabinete da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) abriga uma funcionária que mora há quase dois anos a muitas milhas de distância do Brasil - mais precisamente em Bethesda, cidade satélite de Washington.
Solange Amorelli (na foto acima) foi admitida como servidora do Senado em 1988. Casou-se mais tarde com um diretor do Banco Mundial e se mudou para os Estados Unidos.
Ganha salário em torno de R$ 12 mil. Ela continuou a recebê-lo mesmo sem comparecer ao seu local de trabalho - fora o pagamento de horas extras a que têm direito os demais servidores do gabinete.
Ela não foi autorizada pelo Senado a morar no exterior. Quando senadores visitam Washington, ela costuma ciceroneá-los a pedido de Serys.
A cada três ou quatro meses, Solange visita o Brasil e passa alguns dias em Brasília.
Adaptou-se bem à vida em Bethesda. Em 11 de novembro do ano passado, foi apresentada como uma das novas integrantes do The GFWC Maryland Federation of Women's Clubs, Inc.
Vez por outra participa de eventos promovidos na cidade por uma entidade que presta assistência a latinos que moram em Washington. E já foi entrevistada pelo jornal da escola onde seu filho estuda.
Li, ontem, uma entrevista da senadora Serys no site Olhar Direto, do Mato Grosso. A propósito dos escândalos que abalam o Senado, disse Serys a certa altura:
- Defendo transparência em todos os atos internos, porque só assim poderemos dar uma resposta à sociedade. E temos que apurar tudo também e revelar o que foi investigado.
À noite, conversei com ela por telefone a respeito da situação de Solange.
A senhora tem uma funcionária que mora há quase dois anos nos Estados Unidos...
- Ela não mora propriamente lá, e está sempre por aqui prestando serviços.
Como não mora? Ela é casada com um diretor do Banco Mundial, tem casa numa cidade satélite de Washington e filho matriculado em escola de lá. E, no entanto, continua recebendo salário do Senado e tem direito até a horas extras.
No momento ela está de licença.
Não está mais, senadora. Ela entrou de licença de 60 dias em 16 de março último. O prazo da licença venceu e não foi renovado.
Pois é, mas ela chegará ao Brasil na próxima segunda-feira e entrará com um pedido de férias.
Sim, e daí?
Você sabe que eu sou muito atenta a essas coisas...
É, eu sei.
Depois de falar comigo, a senadora apressou-se em telefonar para um repórter do site Olhar Direto, interessada em vazar a seu modo a história de Solange.
Sob o título Servidora é acusada de morar nos EUA e receber salário, o site publicou às 21h15 notícia atualizada às 23h que começava assim:
"A servidora pública federal, Solange Amaroli, que estaria lotada no gabinete da senadora Serys Slhessarenko (PT), é acusada de morar em uma cidade dos Estados Unidos e receber remunerações do Senado, conforme informações daquela Casa de Leis ao site Olhar Direto.
Solange Amaroli, de acordo com as mesmas fontes, pode ser uma das servidoras contratadas através do esquema dos ex-diretores do Senado, que funcionava para contratar parentes, amigos e cabos eleitorais."
A notícia terminava assim:
"Provocada pela reportagem do site Olhar Direto, a parlamentar petista confirmou que Solange é, de fato, servidora de seu gabinete. Contudo, rechaçou a hipótese de a funcionaria ter sido nomeada por atos secretos da Mesa diretora do Senado, nos últimos 10 anos. "As minhas contratações não são atos secretos. Esta servidora realmente trabalha e muito para mim. Pelo o que eu sei, ela estava de licença em Washington e chegou segunda-feira. Depois, entrou com requerimento de férias. É isso o que eu sei", declarou a senadora."
A senadora Serys
Freire: Muros que ainda resistem
Foto: Tuca Pinheiro
Para Freire, a queda do muro de Berlim sepultou um modelo de socialismo
Por: Roberto Freire
Confira abaixo artigo do presidente nacional do PPS, Roberto Freire, sobre os 20 anos da queda do muro de Berlim publicado pelo jornal Brasil Econômico, em caderno especial. No texto, Freire diz que o fato histórico "estabeleceu uma outra realidade e possibilitou a insurgência de novos paradigmas no campo da esquerda".
Estava em campanha a presidente em 1989, e ia fazer um discurso na Câmara Federal defendendo a derrubada do muro, visto já não ter o menor sentido político sua existência, depois do esforço de Gorbatchov de tentar, por meio da Perestroika e da Glasnost, um aggiornamento do modelo soviético de socialismo. Mas internamente, no PCB, mesmo que fosse majoritário o apoio a esse movimento, tínhamos muitas dificuldades de assumir publicamente essas posições por conta das divisões que então reinavam no Partidão, e em amplas parcelas da esquerda brasileira. O fato é que por conta disso não fiz o discurso, onde, pela primeira vez, exporíamos nossa posição sobre esse fato crucial para as esquerdas e para os comunistas, em particular.
Em todo caso, o fato histórico e político da queda do muro de Berlim estabeleceu uma outra realidade e possibilitou a insurgência de novos paradigmas no campo da esquerda. O modelo soviético de materialização do socialismo, baseado, fundamentalmente, na “ditadura do proletariado”, como idealizado por Lênin, e na existência de um partido, conceitualmente “parte”, transformado no todo na prática, por seu domínio sobre o Estado, foi superado pela História, da mesma maneira que os jacobinos da revolução francesa também o foram.
Para todos ficou claro que o Socialismo sem as liberdades formais já consagradas, universalmente, não tem condições de prosperar, a não ser pela instauração de ditaduras. O que coloca para a esquerda democrática a necessidade de uma nova percepção da realidade, não mais fundada nos estreitos domínios da concepção da luta de classes, mas da importância da diversidade cultural e do permanente fortalecimento do processo democrático, a partir de um amplo e profundo movimento de reformas permanentes, que tem nas condições reais de vida do cidadão, desde seu local de moradia, de trabalho e estudo, o lócus do processo de mudança, por excelência. Nesse sentido, ser revolucionário, hoje, é ser radicalmente democrático.
Esse aspecto é muito importante: Durante mais de 150 anos, tínhamos claro que o socialismo seria uma conquista da classe operária, em sua luta pela construção de uma sociedade fundada sobre a lógica do trabalho, e não do capital. Com as profundas mudanças que estamos assistindo das forças produtivas, efetivada pela incessante revolução científico-tecnológica, o proletariado, paulatinamente, perde relevância histórica como agente de mudança política, e a própria percepção do conceito de classe, começa a ser relativizado. Essa a grande angústia das forças de esquerda, seu paradigma básico sofreu uma mudança irreversível.
A emergência de novos atores e questões sociais evidenciam tal transformação. As lutas de gênero, e suas novas demandas, fruto de sua crescente emancipação política desde o pós-guerra. Os problemas que envolvem o desenvolvimento da juventude, desde a questão da educação, da oferta de emprego, até os problemas da violência e das drogas. A questão da vertiginosa mudança do perfil demográfico das populações, com o consistente envelhecimento das populações, coloca a necessidade de profundas transformações desde a concepção arquitetônica das cidades, até a angustiante questão da previdência social.
Se levarmos em conta os novos desafios postos pelo modo de produção vigente, sob o domínio e a lógica do capital, perceberemos como a questão do aquecimento global e do meio ambiente, de um lado, e a questão da distribuição da riqueza produzida socialmente, de outro, bem como a profunda e crescente desigualdade entre as nações estabelecem uma agenda global que precisa ser enfrentada, principalmente no rastro da crise financeira que eclodiu em outubro do ano passado, que ainda estamos sentindo suas conseqüências e que necessitará de uma ação coordenada de âmbito global, para superá-la. A questão central é que os problemas humanos estão “socializados”... Nossa tarefa, agora, é “socializar” as soluções.
Em todo caso, penso que, no futuro, quando os estudiosos pesquisarem o século XX e analisarem as motivações por trás da queda do muro de Berlin e das transformações sociais que proporcionaram, não poderão deixar de relacionar tal fato com a queda da Bastilha. E os imensos “muros” que ainda temos que por a baixo. O da intolerância religiosa, em um mundo cada vez mais laico. O do preconceito étnico e cultural em um momento em que trânsito humano adquire velocidade inédita na história. O incomensurável muro da pobreza que tem confinado mais de dois terços da humanidade em uma vida marcada pela exploração e violência.
A queda do muro de Berlin sepulta um modelo de socialismo, mas não o Socialismo como ideal histórico da humanidade. Isso ficará evidente quando a liberdade em seu desenvolvimento universal confrontar-se com o inescapável desafio da igualdade, em um mundo em que as questões da governança global coloca-se como um problema relacionado com a própria sobrevivência do gênero humano.
Uniban tem decisão de Taleban: onde vamos parar?
A expulsão da aluna que buscava - e conseguiu - seus 15 minutos de fama ao desfilar com um microvestido pelos corredores da faculdade Uniban é o pior desfecho possível do caso midiático da hora.
Está tudo errado: da atitude bárbara dos estudantes que manifestaram toda sorte de violência e preconceito à decisão absurda de impedir a permanência da aluna na universidade.
Não cabe nem entrar no mérito se a jovem de 20 anos é "vítima" ou provocadora da confusão. Mas, em vez de tirar do episódio uma lição positiva, promover o salutar debate sobre os limites da liberdade individual e os princípios éticos, o respeito e a tolerância, a faculdade deu um tiro no pé.
Me avisem quem orientou essa decisão, seja advogado, marqueteiro ou educador, para passarmos bem longe de mentalidade tão brilhante. A Uniban teve o seu dia de Taleban. Há mulheres na sala? Burca nelas!
Ecos da expulsão que inaugurou uma ‘época despida’
Formalizada em anúncio veiculado neste domingo (8), a expulsão da estudante Geisy Arruda dos quadros da Uniban inaugurou uma época despida.
Ao punir a estudante do minivestido e livrar a cara dos "talibãs" que a agrediram, a Unibam expôs uma nudez que ninguém queria ver: o nu acadêmico.
Vão abaixo alguns ecos que entrecortaram a pasmaceira de um domingo modorrento:
- Esclarecimentos: Insatisfeito com as explicações providas pela Uniban, o MEC vai oficiar a escola. Quer saber, tintim por tintim, o que motivou a expulsão.
Ouça-se a secretária de Ensino Superior do ministério, Maria Paula Dallari: "Vamos analisar o que ocorreu...”
“...Em vista dos esclarecimentos, o MEC pode recomendar que a universidade se comporte como uma instituição de educação".
- De vítima a ré: A ministra Nilcéa Freire (Políticas para as Mulheres) veio aos holofotes para realçar o “absurdo” que a transparência do episódio deixou à mostra:
“A estudante passou de vítima a ré. Se a universidade acha que deve estabelecer padrões de vestimenta adequados, deve avisar a seus alunos claramente”.
Nilcéa cogita acionar, além do MEC, o Ministério Público. Falou num seminário do qual participava também a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), que a endossou:
"Mesmo que ela fosse uma prostituta, qual seria o problema da roupa? Temos que ter tolerância com a decisão e postura de cada um", disse Erundina.
- Repercussão: Na era do cristal líquido, a exposição das entranhas ganhou as versões on-line de veículos de comunicação do estrangeiro.
- Solidariedade: A UNE levou ao seu portal uma nota. Termina assim: “Exigimos que a matrícula da estudante seja mantida...”
“...Que a Universidade se retrate publicamente e que todos os agressores sejam julgados e condenados não somente pela Uniban, mas também pela Justiça”.
Presidente da UNE, Augusto Chagas comparou: "É como nos casos em que se responsabiliza a vítima de um assalto por estar segurando a carteira...”
Ou quando “...se diz que uma mulher é culpada quando sofre um assédio ou abuso por causa da sua roupa. Isso nos parece lamentável".
- Perplexidade: Nehemias Melo, advogado de Geisy, declarou-se “perplexo” e “atordoado” com a expulsão de sua cliente.
O advogado reúne-se com a estudante nesta segunda (9). Nesse encontro, vai definir as providências a adotar.
Como se vê, ao lidar com o episódio de modo enviesado, a Uniban colhe o pior tipo de exposição.
Descobriu-se que, sob o manto diáfano que recobre as entranhas da universidade, esconde-se um moralismo fora de época.
Para onde vamos?, por Fernando Henrique Cardoso*
A enxurrada de decisões governamentais esdrúxulas, frases presidenciais aparentemente sem sentido e muita propaganda talvez levem as pessoas de bom senso a se perguntarem: afinal, para onde vamos? Coloco o advérbio “talvez” porque alguns estão de tal modo inebriados com “o maior espetáculo da terra”, de riqueza fácil que beneficia a poucos, que tenho dúvidas. Parece mais confortável fazer de conta que tudo vai bem e esquecer as transgressões cotidianas, o discricionarismo das decisões, o atropelo, se não da lei, dos bons costumes. Tornou-se habitual dizer que o governo Lula deu continuidade ao que de bom foi feito pelo governo anterior e ainda por cima melhorou muita coisa. Então, por que e para que questionar os pequenos desvios de conduta ou pequenos arranhões na lei?
Só que cada pequena transgressão, cada desvio, vai se acumulando até desfigurar o original. Como dizia o famoso príncipe tresloucado, nesta loucura há método. Método que provavelmente não advenha do nosso Príncipe, apenas vítima, quem sabe, de apoteose verbal. Mas tudo o que o cerca possui um DNA que, mesmo sem conspiração alguma, pode levar o país, devagarinho, quase sem que se perceba, a moldar-se a um estilo de política e a uma forma de relacionamento entre Estado, economia e sociedade, que pouco têm a ver com nossos ideais democráticos.
É possível escolher ao acaso os exemplos de “pequenos assassinatos”. Por que fazer o Congresso engolir, sem tempo para respirar, uma mudança na legislação do petróleo mal explicada, mal ajambrada? Mudança que nem sequer pode ser apresentada como uma bandeira “nacionalista”, pois se o sistema atual, de concessões, fosse “entreguista” deveria ter sido banido, e não foi. Apenas se juntou a ele o sistema de partilha, sujeito a três ou quatro instâncias político-burocráticas para dificultar a vida dos empresários e cevar os facilitadores de negócios na máquina pública. Por que anunciar quem venceu a concorrência para a compra de aviões militares se o processo de seleção não terminou? Por que tanto ruído e tanta ingerência governamental em uma companhia (a Vale) que, se não é totalmente privada, possui capital misto regido pelo estatuto das empresas privadas? Por que antecipar a campanha eleitoral e, sem qualquer pudor, passear pelo Brasil às custas do Tesouro (tirando dinheiro do seu, do meu, do nosso bolso...) exibindo uma candidata claudicante? Por que, na política externa, esquecer-se de que no Irã há forças democráticas, muçulmanas inclusive, que lutam contra Ahmadinejad e fazer mesuras a quem não se preocupa com a paz ou os direitos humanos?
Pouco a pouco, por trás do que podem parecer gestos isolados e nem tão graves assim, o DNA do “autoritarismo popular” vai minando o espírito da democracia constitucional. Essa supõe regras, informação, participação, representação e deliberação consciente. Na contramão disso tudo, vamos regressando a formas políticas do tempo do autoritarismo militar, quando os “projetos de impacto” (alguns dos quais viraram “esqueletos”, quer dizer obras que deixaram penduradas no Tesouro dívidas impagáveis) animavam as empreiteiras e inflavam os corações dos ilusos: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Em pauta, temos a transnordestina, o trem-bala, a Norte-Sul, a transposição do São Francisco e as centenas de pequenas obras do PAC, que, boas algumas, outras nem tanto, jorram aos borbotões no orçamento e minguam pela falta de competência operacional ou por desvios barrados pelo TCU. Não importa: no alarido da publicidade, é como se o povo já fruísse os benefícios: “Minha casa, minha vida”; biodiesel de mamona, redenção da agricultura familiar; etanol para o mundo e, na voragem de novos slogans, pré-sal para todos.
Diferentemente do que ocorria com o autoritarismo militar, o atual não põe ninguém na cadeia. Mas da própria boca presidencial saem impropérios para matar moralmente empresários, políticos, jornalistas ou quem quer que seja que ouse discordar do estilo “Brasil potência”. Até mesmo a apologia da bomba atômica como instrumento para que cheguemos ao Conselho de Segurança da ONU – contra a letra expressa da Constituição – vez por outra é defendida por altos funcionários, sem que se pergunte à cidadania qual o melhor rumo para o Brasil. Até porque o presidente já declarou que em matéria de objetivos estratégicos (como a compra dos caças) ele resolve sozinho. Pena que tivesse se esquecido de acrescentar “l’État c’est moi”. Mas não esqueceu de dar as razões que o levaram a tal decisão estratégica: viu que havia piratas na Somália e, portanto, precisamos de aviões de caça para defender “nosso pré-sal”. Está bem, tudo muito lógico.
Pode ser grave, mas, dirão os realistas, o tempo passa e o que fica são os resultados. Entre estes, contudo, há alguns preocupantes. Se há lógica nos despautérios, ela é uma só: a do poder sem limites. Poder presidencial com aplausos do povo, como em toda boa situação autoritária, e poder burocrático-corporativo, sem graça alguma para o povo. Este último tem método. Estado e sindicatos, Estado e movimentos sociais estão cada vez mais fundidos nos altos-fornos do Tesouro. Os partidos estão desmoralizados. Foi no “dedaço” que Lula escolheu a candidata do PT à sucessão, como faziam os presidentes mexicanos nos tempos do predomínio do PRI. Devastados os partidos, se Dilma ganhar as eleições, sobrará um subperonismo (o lulismo) contagiando os dóceis fragmentos partidários, uma burocracia sindical aninhada no Estado e, como base do bloco de poder, a força dos fundos de pensão. Estes são “estrelas novas”. Surgiram no firmamento, mudaram de trajetória e nossos vorazes mas ingênuos capitalistas recebem deles o abraço da morte. Com uma ajudinha do BNDES, então, tudo fica perfeito: temos a aliança entre o Estado, os sindicatos, os fundos de pensão e os felizardos de grandes empresas que a eles se associam.
Ora dirão (já que falei de estrelas), os fundos de pensão constituem a mola da economia moderna. É certo. Só que os nossos pertencem a funcionários de empresas públicas. Ora, nessas, o PT, que já dominava a representação dos empregados, domina agora a dos empregadores (governo). Com isso, os fundos se tornaram instrumentos de poder político, não propriamente de um partido, mas do segmento sindical-corporativo que o domina. No Brasil, os fundos de pensão não são apenas acionistas – com a liberdade de vender e comprar em bolsas – mas gestores: participam dos blocos de controle ou dos conselhos de empresas privadas ou “privatizadas”. Partidos fracos, sindicatos fortes, fundos de pensão convergindo com os interesses de um partido no governo e para eles atraindo sócios privados privilegiados, eis o bloco sobre o qual o subperonismo lulista se sustentará no futuro, se ganhar as eleições. Comecei com para onde vamos? Termino dizendo que é mais do que tempo de dar um basta ao continuísmo antes que seja tarde.