Rubens Cavallari/Folha
Durou menos de 48 horas a expulsão de Geuisy Arruda, a aluna da Uniban que fora hostilizada por talibans estudantis por comparecer à aula de microvestido.
Durou menos de 48 horas a expulsão de Geuisy Arruda, a aluna da Uniban que fora hostilizada por talibans estudantis por comparecer à aula de microvestido.
Decidido no último sábado (7) e formalizado em anúncio de jornal veiculado no domingo (9), o banimento da aluna foi revistonesta segunda (9).
Deu-se por meio de uma nota. Lacônico, o texto não explica as razões da meia-volta. Limita-se a informar o seguinte:
"O reitor da Uniban Brasil, de acordo com o artigo 17, inciso IX e XI, de seu regimento interno...”
“...Revoga a decisão do Conselho Universitário, proferida no último dia 6, sobre o episódio do dia 22 de outubro, em seu campus em São Bernardo do Campo...”
“...Com isso, o reitor dará melhor encaminhamento à decisão". Que encaminhamento? A nota não diz.
Nem precisava dizer. O recuo tem razões que dispensam explicações. A expulsão tivera repercussão instantânea e absurdamente negativa.
Ficara no ar a incômoda sensação de que a usina de diplomas convertera vítima em ré. Pior: livrara a cara de seus agressores.
Nesta segunda (9), antes do anúncio da “desespulsão”, Geisy reunira-se com seus advogados (foto). Trajava calça comprida e uma comportada blusa.
Disse que, graças à superexposição do caso, arrostou hostilidades nas ruas. Sobre a universidade, afirmou:
“Eu não quero afrontar ninguém, não quero causar constrangimento, se for necessário eu nem desço no intervalo, eu só quero estudar".
Preocupada com a segurança, manifestou a intenção de "escolher outra faculdade” para concluir o curso de Turismo. “Por medo", ela disse.
Combinou com os advogados, porém, o ajuizamento de uma ação na Justiça para fechar na Uniban ao menos o primeiro semestre do curso.
A delegacia de Defesa da Mulher de São Bernardo do Campo, cidade onde está assentado o campus-caverna, abrira inquérito para investigar o caso.
Daí para um processo em que Geisy reivindicasse uma reparação por danos morais seria um pulinho. O processo, aliás, não está descartado.
Resta saber o que fará a Uniban com os agressores da moça. No portal que mantém na web, a escola define o que entende ser a sua “missão”:
“Promover a formação integral do indivíduo, por meio da capacitação profissional, da produção e aplicação do conhecimento, da promoção da cultura...”
“...Do respeito aos valores éticos-morais, através de um processo educativo contínuo de qualidade, voltado para o desenvolvimento da sociedade”.
Se tivesse relido o que escreveu, a Uniban não teria expulsado a aluna agredida. Melhor: teria tomado providências contra os agressores.