sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O MASSACRE DA JUVENTUDE

Antonio Fausto do Nascimento-conselheiro da AAFBB

O aumento do desemprego e da exclusão social entre os jovens é uma das marcas perversas da crise estrutural do capitalismo, mesmo no atual período de abrandamento, resultante da maciça intervenção estatal na economia.

O contingente de jovens até 25 anos, sem emprego, aumentou um quarto, nos últimos doze meses, e continua crescendo em todos os 27 paises da União Européia, segundo o escritório estatístico Eurostat. A recessão na Europa atinge com mais força a juventude, cuja taxa de desemprego é o dobro dos adultos.

Das menores às maiores economias do bloco, os índices são alarmantes. Na Espanha, bastante afetada pela crise do mercado imobiliário e de crédito, um terço dos menores de 25 anos encontram-se sem trabalho. A França exibe situação análoga, cerca de setecentos mil jovens sem ocupação, considerados os que perderam empregos de meia jornada, muitos deles estudantes e portadores de diploma universitário.

A situação não é diferente em países desenvolvidos da Ásia, como o Japão e a Coréía do Sul, a exemplo de nossos "dekasseguis", cujo repatriamento vem sendo incentivado pelo governo japonês. Na periferia emergente e subdesenvolvida do sistema do capital, o quadro crônico de desemprego e marginalidade da juventude pobre somente acentuou-se, desde o agravamento da crise, em meados de 2008.

No Brasil, são 37 milhões de jovens entre 16 e 24 anos, de ambos os sexos. A metade não estuda, não tem emprego ou se encontra na precarização e informalidade do mercado de trabalho. Também integram metade dos desocupados, oficialmente recenseados, além de contingente expressivo da população carcerária e dos mortos por causas externas, principalmente assassinatos.

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em áreas de favelas na cidade do Rio de Janeiro, referente aos anos 2002/2006, identifica cerca de onze mil homicídios, cuja maior parcela de vítimas foi constituída de jovens do sexo masculino, pretos ou pardos e de baixa escolaridade (O Estado de S. Paulo, 02/08/2009).

Outras causas de marginalização da juventude brasileira residem nos elevados índices de evasão e repetência escolares, abandono na infância, desajuste familiar, gravidez precoce, prostituição, alcoolismo, uso de drogas e o consumismo, induzido pela propaganda, que leva à prática de crimes.

A falta de perspectivas dos jovens, a superfluidade a que foram relegados enquanto trabalhadores, as novas condições de produção e reprodução da pobreza e desigualdade que os atinge, em escala planetária, vão demonstrando os limites históricos do capital, sua incapacidade de assegurar o futuro das novas gerações e da própria humanidade.