quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Roberto Freire avalia a perda de espaço do PPS

Notícia da edição impressa de 20/10/2010
MARCELO G. RIBEIRO/JC
Roberto Freire atribui baixas a papel de “firme” de oposição da sigla
Roberto Freire atribui baixas a papel de “firme” de oposição da sigla
O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, esteve ontem no Rio Grande do Sul. Ele participou de um encontro com lideranças dos partidos da coligação do candidato José Serra (PSDB), em Porto Alegre. Numa avaliação sobre o desempenho do PPS no pleito deste ano, Freire pondera que a diminuição das cadeiras do partido nos legislativos é fruto da combinação entre o papel de oposição exercido pelo PPS e o forte aparato financeiro dos candidatos do PT. Em entrevista coletiva, falou como coordenador da campanha tucana. Criticou as pesquisas eleitorais, a falta de posicionamento de Marina Silva (PV) e disse que Serra e seus apoiadores vão intensificar a mobilização nos últimos dias da campanha.
Quais são as razões do encolhimento da representação do PPS nos legislativos?
Roberto Freire - Na Câmara Federal perdemos apenas uma cadeira, eram 13 e se elegeram 12. Mas não vamos esquecer que o PPS fez oposição firme ao governo Lula e, em algumas regiões, houve um avanço do PT, que se transformou em um partido dos grotões, a exemplo do que se falava do PFL. O Nordeste vem fazendo uma grande bancada para o PT. Então, lógico, diminuímos. Não se faz oposição impunemente no Brasil diante de instituições partidárias frágeis. Nesta eleição houve uma presença marcante do poder econômico. O PT se transformou no partido em que sua base de apoio é o grande capital. O setor financeiro transformou Lula no homem do ano, não por acaso.

No Rio Grande do Sul, o PPS não elegeu deputados federais. Na Assembleia, de quatro, passou para dois deputados.
Freire - Na Câmara Federal, a cadeira que faltou tem um explicação circunstancial: (o deputado federal) Nelson Proença não se candidatou e Berfran Rosado foi vice de Yeda Crusius (PSDB). Num exemplo de mesma natureza, em Pernambuco, perdemos Raul Jungmann, que concorreu ao Senado e não se elegeu.
E o senhor considera que o resultado do PPS foi bom?
Freire - Teremos uma boa presença nos legislativos estaduais, isso é um bom resultado. Consegui me eleger por São Paulo saindo de Pernambuco. E, em nível nacional, houve uma consolidação das lideranças importantes para o partido.
Como integrante da coordenação de campanha de Serra, qual é a sua avaliação da pesquisa Vox Populi, que apresenta crescimento de Dilma Rousseff (PT) em contraste com o candidato tucano?
Freire - Desconfio, pois a Vox Populi não tem um diretor, mas um militante de Lula. De maneira geral, todos os institutos se saíram muito mal nesta eleição, com erros que não foram pequenos, e em favor do governo e de seus candidatos. Nossos levantamentos internos apontam um empate técnico.
Em quais regiões há uma diferença mais destacada?
Freire - A mudança está se operando no Sul. Serra se recuperou a partir do Paraná e Santa Cataria. No Rio Grande do Sul, começa a se perceber o crescimento pelo forte apoio de lideranças do PMDB. Há melhora em Minas Gerais com uma participação mais ativa de Aécio Neves (PSDB), do governador eleito Antonio Anastasia (PSDB) e do ex-presidente Itamar Franco (PPS). Nossa pesquisa já indica empate técnico naquele estado.
E a polarização que propicia esta onda de ataques, tirando espaço do debate de propostas?
Freire - Serra tem procurado apresentar suas propostas. Quando há estocadas, vai se esperar o quê? Serra trouxe a questão do aborto por conta das ambiguidades do governo Lula e de sua candidata. O maior nível de agressividade foi aí.
E qual é a estratégia para esta fase da campanha eleitoral?
Freire - Vamos entrar num período de intensificação da campanha, com mais gente na rua.
Qual é a expectativa em relação aos votos de Marina?
Freire - A estimativa é ter um terço dos votos. Marina não entendeu o que significa os dois turnos e que se há demora na definição, vai se perdendo seguidores. E o que é a posição de independência? Vote em qualquer um. Mas se apresentei uma proposta no primeiro turno e não venci, tenho que saber quem dos que restaram a representa melhor. Serra vai se beneficiar, pois tem o apoio de líderes como Fernando Gabeira e Fábio Feldmann.

Gisele Ortolan