terça-feira, 28 de julho de 2009

Ahmadinejad demite ministro e revela intensa disputa de poder no Irã

O Estado de S. Paulo

Assunto: Internacional

Data: 27/07/2009


Robert F. Worth, New York Times, Dubai


O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, demitiu ontem o ministro iraniano do Serviço de Inteligência, Gholam-Hussein Mohseni-Ejei, no mais recente sinal de uma dura disputa entre os conservadores e de sua vulnerabilidade política depois da contestada eleição presidencial de 12 de junho.
Na semana passada, Mohseni-Ejei abandonou uma reunião em protesto pela nomeação de Esfandiar Rahim Mashaei, ex-ministro da Cultura, para o cargo de principal vice-presidente. Os conservadores rejeitaram a escolha por Mashaei ter declarado, no ano passado, que os iranianos eram "amigos de todos os povos do mundo - mesmo dos israelenses". Pressionado desde o dia 20, Ahmadinejad destituiu Mashaei na sexta-feira, depois que o líder supremo, Ali Khamenei, ordenou sua demissão.
Antes de o Palácio Presidencial confirmar a demissão de Mohseni-Ejei, várias agências do país haviam anunciado que também haviam sido afastados os ministros da Cultura, Trabalho e Assuntos Sociais. Essas demissões, porém, não foram confirmadas.
A destituição de Mohseni-Ejei soa como bastante simbólica, ocorrendo uma semana antes da data em que Ahmadinejad será empossado para seu segundo mandato, quando deve apresentar um novo gabinete para aprovação do Parlamento. Analistas dizem que o presidente quer mostrar firmeza política em meio às acusações de que as eleições foram fraudadas.
Os conservadores ficaram particularmente descontentes pelo fato de Ahmadinejad ter demorado a acatar a ordem de Khamenei para demitir Mashaei. Depois da sua saída, na sexta-feira, o presidente o nomeou chefe de gabinete, um gesto que seguramente agitará mais a ira dos linhas-duras.