quinta-feira, 12 de maio de 2011

A filiação de Skaf ao PMDB

 por luisnassif, qui, 12/05/2011 - 09:50


Raquel Uchôa | De Brasília
12/05/2011
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que disputou o governo estadual em 2010 pelo PSB, assinou ontem ficha de filiação ao PMDB e passa a ser uma espécie de "reserva" do partido para 2014 - seja para concorrer novamente ao Palácio dos Bandeirantes ou a um mandato no Congresso.
"Coloco meu nome para as missões que forem necessárias", afirmou o presidente da Fiesp na cerimônia. O vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional licenciado da legenda, que abonou a ficha de filiação de Skaf, disse, após o evento, que o empresário "pode ser preparado para disputar o governo de São Paulo".
p>O deputado federal Gabriel Chalita, eleito pelo PSB para a Câmara dos Deputados e com filiação no PMDB marcada para 4 de junho - quando promete levar junto cerca de mil pessoas, especialmente "intelectuais e educadores" -, estava presente e confirmou sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo em 2012.
A candidatura de Chalita a prefeito, com apoio de Skaf, foi selada pelos principais líderes do PMDB em jantar realizado no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, na quarta-feira da semana passada. Além do anfitrião, participaram o presidente do Senado, José Sarney (AP), os líderes na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e no Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente em exercício do partido, senador Valdir Raupp (RO), o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), o senador Eunício Oliveira (CE), Skaf, Chalita e outros. Segundo um dos integrantes, houve um "ajuste" entre os dois, em torno de uma aliança para fortalecer o partido em São Paulo.
Ao comentar a aliança entre Skaf e Chalita, Temer disse que a conversa com sua casa "foi muito boa" e elogiou a capacidade de Chalita como "conciliador".
Chamou a atenção na cerimônia de filiação de Skaf a presença da senadora Marta Suplicy (PT-SP), vice-presidente do Senado e um dos nomes cotados do PT para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012. "Quem sabe o PT nos apoia?", comentou Chalita, em conversa informal após a filiação de Skaf, sobre a presença de Marta no evento, realizado na liderança do PMDB do Senado. Ela sorriu, quando o presidente do PMDB estadual, Baleia Rossi, citou Chalita como o "futuro prefeito de São Paulo".
Skaf afirmou que o setor produtivo, "que tinha receio de se expor na política, mudou e quer, sim, participar". O empresário defendeu um PMDB cada vez mais forte e junto com o governo. "Não adianta ficar de fora reclamando", disse.
O evento, que lotou o gabinete da liderança do PMDB no Senado, contou com as presenças de Temer, do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e de outras lideranças nacionais do partido, além de dezenas de parlamentares e prefeitos.
A filiação de Skaf e Chalita faz parte da estratégia do PMDB de fortalecer a legenda em São Paulo, principal colégio eleitoral do país. Embora seja o Estado de Temer, o diretório paulista é um dos mais fracos da legenda, especialmente após a morte do ex-governador Orestes Quércia. Na última eleição, o partido elegeu apenas um deputado federal - Edinho Araújo. Os dirigentes querem aproveitar a eleição de Temer na Vice-Presidência, condição que torna a legenda mais atrativa a políticos insatisfeitos com seus partidos.
"O PMDB será como essa sala a partir de agora: não caberão todos que querem vir", disse Temer, referindo-se ao gabinete lotado da liderança. Segundo ele, está sendo aberto "um novo ciclo histórico do PMDB". Para Evandro Mesquita, presidente da zonal do PMDB à qual Skaf será vinculado, "o PMDB de São Paulo foi gigante e se apequenou. Vamos crescer, ganhar fôlego e envergadura, graças a Michel Temer".
Segundo Raupp, a orientação é ter candidato próprio em todas as cidades do país e chapa própria para vereador, ou seja, sem coligações partidárias. Na avaliação do comando pemedebista, a sigla teria eleito mais 30 deputados federais, se tivesse disputado a eleição proporcional em 2010 sem alianças. "A estratégia é crescer", diz Raupp.
Há poucos dias, ele causou polêmica ao dizer que o projeto do PMDB é ter candidato próprio a presidente em 2014. "Temos aliança sólida com a presidente Dilma Rousseff, que poderá ser reeditada. Mas temos que preparar nomes, para eventualidades", explicou ontem ao Valor.
Temer, por sua vez, na cerimônia de filiação de Skaf, fez questão de reafirmar a aliança nacional com o PT - que considerou "quase indestrutível". Depois, explicou que "há muita solidez" na aliança do PMDB com o PT no plano nacional. Nas eleições municipais, o que vai motivar as alianças, disse, serão as questões locais. Mesmo assim, avaliou que a prioridade será manter a parceria com o PT - especialmente para o segundo turno.