terça-feira, 21 de outubro de 2008

PPS cobra maior regulação do sistema financeiro nacional

Agência Câmara

O líder do PPS na câmara federal, deputado Fernando Coruja (SC), cobrou do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, medidas mais rigorosas de controle do sistema financeiro nacional. Ele quis saber se já estão sendo estudadas medidas para obter maior controle, por exemplo, do mercado de derivativos, pelo qual as empresas fazem apostas com base na projeção do câmbio futuro. "Existe falta de crédito hoje no Brasil, na verdade, porque os bancos não sabem da saúde dessas empresas. Diversas, como a Aracruz, Votorantim e Sadia, apostaram nos derivativos e agora não sabemos o que está acontecendo com elas", questionou Coruja.

Para o deputado, há um descolamento entre o discurso das autoridades que admitem ser a pior crise da história mundial e as previsões para o futuro do Brasil. "Há uma venda de ilusão. Vejo otimismo exagerado do ministro prevendo um crescimento em 2009 de 4,5%.", acusou.

O ministro da Fazenda reconheceu o problema com os derivativos. "Não sabemos de fato o volume do prejuízo das empresas que fizeram dívidas com derivativos, mas todas as empresas citadas são sólidas e têm todas condições de negociar com os bancos", explicou Mantega. Ele, no entanto, garantiu que o governo não vai assumir prejuízos de empresas que fizeram aplicações de riscos. De acordo com o ministro, o governo já está com uma proposta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para exigir que as empresas sejam obrigadas a publicar em seus balanços as suas posições com derivativos. Mantega pediu ao Congresso mais contribuições para melhorar a regulação do mercado financeiro.

Em resposta à cobrança de mais austeridade fiscal feita pelo líder do Democratas, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), Mantega assegurou que o governo tem passado uma mensagem fiscal forte para os investidores, especialmente no fluxo dos investimentos. "Os gastos de custeio estão crescendo menos que o PIB e a arrecadação, estamos trilhando o caminho da responsabilidade fiscal, sim", garantiu o ministro.

Gastos com pessoal
Com relação aos gastos com pessoal, Mantega explicou que, embora não seja da responsabilidade do Ministério da Fazenda negociar os aumentos dos servidores, ele assegurou que esses gastos estão num patamar abaixo do de sete anos atrás em relação ao PIB. "Estamos hoje com 4,57 % do PIB, enquanto no governo anterior esse número era de 4,85%", apontou.

Guido Mantega negou que o governo não tenha se antecipado à crise. "Existe medida mais acertada que a de ter feito reserva em dólares?", questionou. Ele negou também que haja "crédito empoçado" na economia brasileira. "Nos EUA há porque muitas instituições têm ativos podres ocultos, há desconfiança lá. Aqui não", sustentou.

Quanto às previsões otimistas, Mantega admitiu que os economistas podem errar, mas lembrou que as previsões feitas pelos integrantes do governo nos últimos três anos foram mais precisas que as dos analistas de mercado. "Os analistas previam que o Brasil cresceria 3% em 2006 e o Brasil cresceu 3,8% como afirmávamos. Para 2007, falavam em 3% e 3,5%, falamos que seria 4,5%, o crescimento foi de 5%, tá tudo lá registrado", exemplificou.