domingo, 23 de maio de 2010

Serra exalta participação do PPS na campanha e diz que o partido também "pode mais"

Freire entregou ao pré-candidato documento com propostas do PPS


Por: Luís Zanini e William Passos



O pré-candidato à Presidência, José Serra, disse nesta sexta-feira, na reunião do Diretório Nacional do PPS, em São Paulo, que sua eventual vitória nas eleições de outubro é apenas o “ponto de partida, não de chegada de um grupo ou de uma pregação, para chegar no governo e fazer o contrário ou negar tudo aquilo, é para exercer a vitória no primeiro dia do exercício da coerência com a vida pública, que é o que está faltando no nosso país. Por isso, não é só o Brasil que pode mais, o PPS também pode mais e vai ajudar o Brasil a ter mais”.



Depois de receber das mãos do presidente do PPS, Roberto Freire, o documento contendo as sugestões elaboradas pelo partido à sua pré-candidatura à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo José Serra falou sobre política, economia, educação e, claro, da sua ligação com o antigo PCB (Partido Comunista Brasileiro)



O pré-candidato destacou a importância do Partidão, antecessor do PPS, e as contribuições de seus aliados e militantes para o desenvolvimento cultural e artístico do Brasil.



Críticas à economia



Depois de sublinhar o caráter nacional do PCB e a contribuição deixada à cultura nacional, José Serra criticou o atual modelo econômico que, a exemplo dos anos 1930, está voltado para a exportação de commodities.



Serra também se referiu ao governo federal ao falar da falta de empenho para o desenvolvimento do setor produtivo. Ele disse que até 1980 o Brasil estava entre as economias mais dinâmicas do mundo, mas que esse modelo entrou em crise com os mais de 15 anos de hiperinflação. De acordo com Serra, o Brasil ficou à deriva e só se recuperou economicamente com a estabilidade proporcionada pelo Plano Real, apesar de nos últimos sete anos ter feito a opção pela “desnacionalização da produção” pela volta da exportação de produtos primários e a importação de manufaturados.



“Não fomos capazes de gerar bons empregos em modelo de industrialização baseado no mercado externo”, disse Serra, ao afirmar que é “candidato [à Presidência] ligado a produção”. O pré-candidato também falou sobre parlamentarismo, da supremacia do Executivo em relação ao Legislativo provocada pelo presidencialismo e ainda criticou as mudanças de última hora na legislação eleitora. “Pior que agora, impossível”, desabafou.



Patrimonialismo



Sem citar partidos ou mesmo nomes, José criticou a prática do patrimonialismo que tomou conta do Estado brasileiro. “Tivemos nos últimos tempos um aprofundamento do patrimonialismo, que voltou na sua plenitude. Estamos no momento mais patrimonialista da nossa história”, afirmou o pré-candidato.



Serra atacou também a política de juros e a carga tributária – “os mais altos do mundo” – e disse que hoje os estados e municípios investem mais do que o governo federal. “É praticamente insignificante o que o governo federal investe”, disse, ao chamar a atenção para o fato de o governo federal tem contabilizado crédito a diversos setores da econômica e ao cidadão como investimento.