quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Serra anuncia verbas à saúde e diz que Dilma plagia

Lula Marques/Folha

José Serra falou no 20º Congresso Nacional das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. Disse que, eleito, injetará R$ 12 bilhões na saúde em quatro anos.

Serão, segundo ele, R$ 3 bilhões por ano, sem criar novos impostos. Referiu-se à CPMF.

Chamou de “trololó”, “falsidade” e “mentira” uma acusação que Lula faz reiteradas vezes à oposição.

O presidente acusa PSDB e DEM de terem impedido o governo de elevar as verbas da saúde ao derrubar, no senado, a emenda que renovava a CPMF.


Para Serra, a CPMF foi para os ares por culpa do governo, não da oposição. Por quê? Demorou-se a aprovar a emenda na Câmara.

Atribuiu a demora a um lance de fisiologismo do deputado pemedebê Eduardo Cunha (RJ), que presidia a Comissão de Justiça da Câmara e sentou em cima da emenda.
Cunha condicionava a CPMF à nomeação de um presidente de Furnas. De resto, disse Serra, o governo não condicionou a renovação do tributo à emenda 29.

Essa emenda define o percentual que Estados, municípios e governo federal tem de investir na área da saúde. Aguarda até hoje na fila.

Serra disse ter sugerido ao governo, por meio do grão-petê Antonio Palocci, que uma coisa –a CPMF— fosse atrelada à outra –a emenda 29.

Mas alegou que a emenda do imposto do cheque, que tinha prazo definido de votação, chegou ao Senado quando já não havia tempo para negociar.

Serra prometeu, de resto, criar um Proer para socorrer as Santas Casas e hospitais filantrópicos. Respondem por um terço dos leitos do SUS, 40% das internações.

Inquirido acerca do reajuste da tabela do SUS, Serra engasgou. Teve de interromper a fala (veja a sequência de fotos lá do alto).

A platéia derramou-se em gargalhadas. Ao recobrar a voz, Serra disse que o engosgo não se deveu à pergunta.

Ao responder disse que, sim, reajustará a tabela de pagamentos do SUS. Elevará especialmente a remuneração de cirurgias eletivas e procedimentos mais complexos.

A certa altura, o candidato tucano acusou a antagonista Dillma Rousseff de “plágio”. Disse que ela copia suas propostas para o setor.

Citou dois exemplos: suas AMAs, postos de Assistência Médica Ambulatorial, viraram, nos lábios de Dilma, UPAS (Unidades de Pronto Atendimento).

O seu “Mãe Paulistana”, programa de atendimento a gestantes, converteu-se no “Samu Cegonha” de Dilma. Contabilizou em sete as “cópias” de projetos.

Em timbre irônico, disse que não se incomoda com o plágio, mas com a falta de reconhecimento dos “direitos autorais”.

De resto, acusou o Ministério da Saúde, pasta que ocupou na gestão FHC, de municiar Dilma com dados falsos sobre o setor.

À noite, falando para a mesma platéia, o ministro José Gomes Temporão (Saúde), disse que as estatísticas de seu ministério são reais.

Atribuiu os ataques de Serra ao “jogo eleitoral”. E anunciou uma novidade que soou como música aos ouvidos da platéia.

Levou ao microfone a abertura de uma linha de crédito de R$ 500 milhões para as Santas Casas e estabelecimentos filantrópicos.

A verba virá do BNDES. E poderá ser usada como capital de giro. Uma forma de desafogar o setor, que se queixa de estar atolado em dívidas.